PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA
A face revela o íntimo
de nossa expressão e é parte essencial da comunicação humana.
Além disso, a
importância cada vez maior que a sociedade dos tempos atuais dá à estética
relaciona-se diretamente com a aparência facial, pois a face é o
"local" onde mais nos expomos ao meio e os seus traços marcam a nossa
individualidade.
Todo esse envolvimento
acha-se diretamente ligado à psique do indivíduo, já que qualquer alteração na
mímica e na aparência da face causa problemas psíquicos de extrema importância
no homem, o qual, na grande maioria das vezes, altera o seu comportamento
social em prejuízo do trabalho e da coexistência com aqueles que o rodeiam.
Essa interação psico social só se torna possível através da integridade do
nervo facial com a musculatura cutânea da face.
Dessa integridade
dependem também funções fisiológicas muito importantes, tais como o
lacrimejamento, uma vez que o nervo
facial é responsável pela inervação motora do saco lacrimal e da
pálpebra, podendo acarretar, com a perda de tais funções, úlcera de córnea e a conseqüente cegueira.O reflexo do
músculo do estribo, inervado por seu ramo estapediano, é o responsável pela
proteção do ouvido interno contra os sons de alta intensidade. O nervo corda do
tímpano, outro ramo do nervo facial, é o responsável pela sensibilidade
gustativa dos dois terços anteriores da língua e pela inervação motora da
glândula submandibular e glândulas salivares menores. A movimentação voluntária
e o tônus da musculatura da boca reveste-se de extrema importância, quer na
alimentação, quer na ingestão de líquidos, e a perda dessa função acarreta dificuldades
ao processo alimentar. A essas funções, junta-se a sensibilidade táctil das regiões
do pescoço, retro-auricular e pavilhão auricular que são inervadas
sensitivamente por seu ramo cervical, importantes também na libido humana.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da
paralisia facial tem 4 objetivos principais:
1) Diferenciar
paralisia facial periférica de paralisia central.
2) Estabelecer uma
etiologia.
3) Estabelecer o
topodiagnóstico (local da lesão).
4) Saber o grau de
lesão do nervo.
CLASSIFICAÇÃO
Classificamos
paralisia facial periférica de acordo com sua etiologia, e as relacionamos em
ordem decrescente de maior incidência:
A- Idiopáticas; B-
Traumáticas; C- Infecciosas; D- Tumorais; E- Metabólicas; F- Congênitas; G-
Vasculares; H- Tóxicas.
IDIOPÁTICAS
Paralisia de Bell
Sinomímia- Paralisia
facial a frígore.
Paralisia facial
idiopática.
É o tipo mais comum de
paralisia facial. A incidência na população em geral é de aproximadamente 20
casos por 100000 habitantes por ano. A etiologia da paralisia de Bell permanece
desconhecida, porem varias hipoteses foram sugeridas. Atualmente a teoria mais
aceita é que a paralisia seja causada pelo HSV-1 (Vírus Herpes Simples)que
infecta o individuo através da pele se aloja no gânglio geniculado e permanece
latente até que algum fator como baixa imunidade, stress, etc.. reative o vírus
e provoque uma neurite com consequente paralisia facial.
Características clínicas:
1- Paresia ou
paralisia facial periférica de inicio súbito geralmente unilateral, podendo
muito raramente ser bilateral. Pode ser recorrente, mas também não é frequente
este achado.
Tratamento: O
tratamento da paralisia de Bell é extremamente controverso, por ser uma doença
de etiologia ainda não bem definida. O principal polo de discórdia é entre o
tratamento clínico ou cirúrgico (descompressão do segmento intracanal do
nervo).
O tratamento é
realizado com corticoterapia e antivirais em altas doses.
O tratamento cirurgico
é baseado na teoria da compressão isquêmica causada no nervo pelo seu
confinamento no rígido canal de Falópio.
Prognóstico: Evolução
para cura total sem sequelas na grande maioria dos casos. As sequelas se
traduzem pela paresia de algum segmento da face, a sincinesia ou espasmo, as
"lágrimas de crocodilo", que são o lacrimejar constante e os lagos
lacrimais na palpebra inferior. As sequelas são mais frequentes nos pacientes
idosos, pela flacidez muscular.
TRAUMÁTICAS
O nervo facial é o par
craniano mais atingido por traumas. Isto se deve ao seu longo trecho intracanal
que favorece a lesão traumática compressiva, principalmente nos traumas de
crânio que produzem fraturas do osso temporal.
As paralisias faciais
traumáticas tem se tornado importantes em nossos dias dada à sua etiologia que
pode ser prevenida e a seu tratamento que está bem estabelecido.
Classificamos as
paralisias traumáticas de acordo com o fator causal em:
-Causadas por Fraturas:
Do osso temporal.
Dos ossos da face.
-Causadas por
projéteis de arma de fogo.
-Ferimentos
corto-contusos nas partes moles da face.
-Traumas de parto.
-Iatrogênicas.
INFECCIOSAS
As etiologias são:
-Virais (herpes
zooster)
-Bacterianas
inespecíficas (otite média aguda e otite média crônica)
-Específicas –
(tuberculose, Doença de Lyme)
TUMORAIS
A paralisia facial
tumoral incide sobre as paralisias faciais em aproximadamente 5% dos casos.
Os tumores causando
paralisia facial podem ser intrínsecos (de origem neurogênica) ou extrínsecos
que afetam o nervo facial secundariamente.
CONGÊNITA
Paralisia facial
neonatal resultante de uma malformação congênita.
METABÓLICAS
Causadas por diabete,
hipotireoidismo e durante a gravidez.
VASCULARES
São formas incomuns de
paralisias faciais que ocorrem na periaterite nodosa na granulomatose de
Wegener e na Síndrome de Heerfordt ou Sarcoidose de Boeck. Patologicamente
estas lesões mostram vasculite e granuloma necrotizante. A conduta é baseada no
tratamento da síndrome.
TÓXICAS
Igualmente são formas
de paralisia facial raras que se apresentam geralmente bilateral encontradas na
administração de drogas que causam imunosupressão ou alterações vasculares. É
mais encontrada em paciente em tratamento quimioterápico.
Referência
MINITI, A.; BENTO, RF; BUTUGAN, O. Otorrinolaringologia Clínica e Cirúrgica. Atheneu, 2001, 2.Ed.