Pesquisar

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Disfagia: Causas, Classificação e Tratamento

A deglutição é uma ação complexa que ocorre de maneira contínua e automática. Para melhor compreensão foi dividida em fases: Fase Preparatória; Fase Oral; Fase Faríngea e Fase Esofágica.

Fase Preparatória: seria a mastigação e a preparação e organização do bolo alimentar para que o mesmo seja transportado para a faringe e em seguida para o esôfago. (voluntária).

Fase Oral: é ainda voluntária, onde ocorre a elevação e impulsão do bolo alimentar em direção aos pilares amigdalianos anteriores e à faringe, iniciando o reflexo de deglutição.

Fase Faríngea: representada pelo reflexo faríngeo, esta é a fase mais complexa da deglutição, porém tem duração total de apenas um segundo.

Fase esofágica: esta fase é completamente involuntária, iniciando a passagem do alimento pelo esfícter esofágico superior.  Existem duas ondas peristálticas (movimentação involuntária do esôfago que carrega o alimento), uma que vai da faringe para o esôfago e outra que vai do esôfago para o estomago.
A deglutição tem sido tratada pelos fonoaudiólogos há muitos anos, inicialmente por causa da oclusão dentária. Mas com o passar do tempo o trabalho fonoaudiológico se expandiu, muitos fonoaudiólogos foram trabalhar nos hospitais e nesse novo ambiente de trabalho outras alterações foram mais bem compreendidas, como a Disfagia.

Afinal o que é Disfagia?
A disfagia pode ser resumida como a dificuldade na deglutição, a inabilidade de ingerir ou transportar nutrientes vitais ou secreções endógenas ao corpo humano. Não é uma patologia em si, e sim parte da sintomatologia clínica de diversas doenças tanto da orofaringe quanto sistêmicas.

Causas da Disfagia
A disfagia, decorre de traumas, câncer ou outras doenças destrutivas, dentre outras patologias. Esse tipo de disfagia em pacientes neurológicos, também é conhecido como Disfagia Orofaríngea Neurogênica.
A disfagia orofaríngea neurogênica pode ocorrer devido ao AVE, Traumatismo Cranioencefálico, Doença de Parkinson, Paralisia Cerebral, Doença de Alzheimer, Doenças Neuromusculares, Doenças do Neurônio Motor, Esclerose Múltipla, Doenças da Junção Neuromuscular, Miopatias, e muitas outras patologias.

As pessoas com problemas neurológicos frequentemente apresentam dificuldade na deglutição.
As causas incluem a obstrução mecânica e os distúrbios na motilidade dos músculos da cavidade oral, da faringe ou esôfago. É útil distinguir a disfagia causada por doenças que afetam a orofaringe daquela que é devida a distúrbios esofágicos. Tipicamente, a obstrução mecânica é caracterizada inicialmente pela disfagia a sólidos e a orofaringea predomina a dificuldade de deglutir líquidos.
A causa pode estar associada a doenças neurológicas como paralisia cerebral, afasias e apraxias comuns no AVC mais conhecido como derrame, traumatismo craniano e diversos tipos de distrofias musculares. Neoplasias devem ser sempre investigadas dependendo do tipo de sintomatologia predominante e dos fatores de risco associados.

Classificação do Grau de Disfagia
A classificação é proposta conforme a gravidade do distúrbio de deglutição e direciona o fonoaudiólogo na tomada de condutas. Assim, deve-se seguir o raciocínio clínico proposto nas especificações dos itens do protocolo, de acordo com os sinais apresentados pelo paciente. Para a classificação da disfagia, é necessário que o paciente apresente pelo menos um sinal que o diferencie do nível anterior. 
Nível I. Deglutição normal: A alimentação via oral completa é recomendada.
Nível II. Deglutição funcional – Pode estar anormal ou alterada, mas não resulta em aspiração ou redução da eficiência da deglutição, sendo possível manter adequada nutrição e hidratação por via oral. Assim, são esperadas compensações espontâneas de dificuldades leves, em pelo menos uma consistência, com ausência de sinais de risco de aspiração. A alimentação via oral completa é recomendada, mas pode ser necessário despender tempo adicional para esta tarefa.
Nível III. Disfagia orofaríngea leve – Distúrbio de deglutição presente, com necessidade de orientações específicas dadas pelo fonoaudiólogo durante a deglutição. Necessidade de pequenas modificações na dieta; tosse e/ou pigarro espontâneos e eficazes; leves alterações orais com compensações adequadas.
Nível IV. Disfagia orofaríngea leve a moderada – Existência de risco de aspiração, porém reduzido com o uso de manobras e técnicas terapêuticas. Necessidade de supervisão esporádica para realização de precauções terapêuticas; sinais de aspiração e restrição de uma consistência; tosse reflexa fraca e voluntária forte. O tempo para a alimentação é significativamente aumentado e a suplementação nutricional é indicada.
Nível V. Disfagia orofaríngea moderada – Existência de risco significativo de aspiração. Alimentação oral suplementada por via alternativa, sinais de aspiração para duas consistências. O paciente pode se alimentar de algumas consistências, utilizando técnicas específicas para minimizar o potencial de aspiração e/ou facilitar a deglutição, com necessidade de supervisão. Tosse reflexa fraca ou ausente.
Nível VI. Disfagia orofaríngea moderada a grave – Tolerância de apenas uma consistência, com máxima assistência para utilização de estratégias, sinais de aspiração com necessidade de múltiplas solicitações de clareamento, aspiração de duas ou mais consistências, ausência de tosse reflexa, tosse voluntária fraca e ineficaz. Se o estado pulmonar do paciente estiver comprometido, é necessário suspender a alimentação por via oral.
Nível VII. Disfagia orofaríngea grave – Impossibilidade de alimentação via oral. Engasgo com dificuldade de recuperação; presença de cianose ou broncoespasmos; aspiração silente para duas ou mais consistências; tosse voluntária ineficaz; inabilidade de iniciar deglutição.

Tratamento das Disfagias
O tratamento baseia-se nas intervenções na causa base da disfagia que, frequentemente, é representada pelo tratamento das doenças associadas.
As condutas devem ser dadas de acordo com a classificação da disfagia e incluem a indicação de: (a) via alternativa de alimentação, como as sondas enterais e gástricas; (b) terapia fonoaudiológica, podendo ser direta (com alimento) e/ou indireta (sem alimento) e; (c) alimentação via oral assistida pelo fonoaudiólogo, de acordo com a seleção das consistências. As propostas de conduta baseadas na classificação da disfagia estão a seguir:
  • Para os níveis I e II, a conduta será (c);
  • Para os níveis III, IV e V, a conduta será (a) + (b) + (c) e
  • Para os níveis VI e VII, a conduta será (a) + (b).

Fonte: Aline Rodrigues Padovani; Danielle Pedroni Moraes; Laura Davidson Mangili; Claudia Regina Furquim de Andrade. Dysphagia Risk Evaluation Protocol. Rev. soc. bras. fonoaudiol. vol.12 no.3 São Paulo July/Sept. 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário