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segunda-feira, 30 de julho de 2012

PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA

PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA

A face revela o íntimo de nossa expressão e é parte essencial da comunicação humana.
Além disso, a importância cada vez maior que a sociedade dos tempos atuais dá à estética relaciona-se diretamente com a aparência facial, pois a face é o "local" onde mais nos expomos ao meio e os seus traços marcam a nossa individualidade.
Todo esse envolvimento acha-se diretamente ligado à psique do indivíduo, já que qualquer alteração na mímica e na aparência da face causa problemas psíquicos de extrema importância no homem, o qual, na grande maioria das vezes, altera o seu comportamento social em prejuízo do trabalho e da coexistência com aqueles que o rodeiam. Essa interação psico social só se torna possível através da integridade do nervo facial com a musculatura cutânea da face.
Dessa integridade dependem também funções fisiológicas muito importantes, tais como o lacrimejamento, uma vez que o nervo  facial é responsável pela inervação motora do saco lacrimal e da pálpebra, podendo acarretar, com a perda de tais funções, úlcera de  córnea e a conseqüente cegueira.O reflexo do músculo do estribo, inervado por seu ramo estapediano, é o responsável pela proteção do ouvido interno contra os sons de alta intensidade. O nervo corda do tímpano, outro ramo do nervo facial, é o responsável pela sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua e pela inervação motora da glândula submandibular e glândulas salivares menores. A movimentação voluntária e o tônus da musculatura da boca reveste-se de extrema importância, quer na alimentação, quer na ingestão de líquidos, e a perda dessa função acarreta dificuldades ao processo alimentar. A essas funções, junta-se a sensibilidade táctil das regiões do pescoço, retro-auricular e pavilhão auricular que são inervadas sensitivamente por seu ramo cervical, importantes também na libido humana.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da paralisia facial tem 4 objetivos principais:
1) Diferenciar paralisia facial periférica de paralisia central.
2) Estabelecer uma etiologia.
3) Estabelecer o topodiagnóstico (local da lesão).
4) Saber o grau de lesão do nervo.
CLASSIFICAÇÃO
Classificamos paralisia facial periférica de acordo com sua etiologia, e as relacionamos em ordem  decrescente de maior incidência:
A- Idiopáticas; B- Traumáticas; C- Infecciosas; D- Tumorais; E- Metabólicas; F- Congênitas; G- Vasculares; H- Tóxicas.
IDIOPÁTICAS
Paralisia de Bell
Sinomímia- Paralisia facial a frígore.          
Paralisia facial idiopática.
É o tipo mais comum de paralisia facial. A incidência na população em geral é de aproximadamente 20 casos por 100000 habitantes por ano. A etiologia da paralisia de Bell permanece desconhecida, porem varias hipoteses foram sugeridas. Atualmente a teoria mais aceita é que a paralisia seja causada pelo HSV-1 (Vírus Herpes Simples)que infecta o individuo através da pele se aloja no gânglio geniculado e permanece latente até que algum fator como baixa imunidade, stress, etc.. reative o vírus e provoque uma neurite com consequente paralisia facial.

Características clínicas:

1- Paresia ou paralisia facial periférica de inicio súbito geralmente unilateral, podendo muito raramente ser bilateral. Pode ser recorrente, mas também não é frequente este achado.

Tratamento: O tratamento da paralisia de Bell é extremamente controverso, por ser uma doença de etiologia ainda não bem definida. O principal polo de discórdia é entre o tratamento clínico ou cirúrgico (descompressão do segmento intracanal do nervo).
O tratamento é realizado com corticoterapia e antivirais em altas doses.
O tratamento cirurgico é baseado na teoria da compressão isquêmica causada no nervo pelo seu confinamento no rígido canal de Falópio.
Prognóstico: Evolução para cura total sem sequelas na grande maioria dos casos. As sequelas se traduzem pela paresia de algum segmento da face, a sincinesia ou espasmo, as "lágrimas de crocodilo", que são o lacrimejar constante e os lagos lacrimais na palpebra inferior. As sequelas são mais frequentes nos pacientes idosos, pela flacidez muscular.
TRAUMÁTICAS
O nervo facial é o par craniano mais atingido por traumas. Isto se deve ao seu longo trecho intracanal que favorece a lesão traumática compressiva, principalmente nos traumas de crânio que produzem fraturas do osso temporal.
As paralisias faciais traumáticas tem se tornado importantes em nossos dias dada à sua etiologia que pode ser prevenida e a seu tratamento que está bem estabelecido.
Classificamos as paralisias traumáticas de acordo com o fator causal em:

-Causadas por Fraturas:
          Do osso temporal.
          Dos ossos da face.
-Causadas por projéteis de arma de fogo.
-Ferimentos corto-contusos nas partes moles da face.
-Traumas de parto.
-Iatrogênicas.
INFECCIOSAS
As etiologias são:
-Virais (herpes zooster)
-Bacterianas inespecíficas (otite média aguda e otite média crônica)
-Específicas – (tuberculose, Doença de Lyme)
TUMORAIS
A paralisia facial tumoral incide sobre as paralisias faciais em aproximadamente 5% dos casos.
Os tumores causando paralisia facial podem ser intrínsecos (de origem neurogênica) ou extrínsecos que afetam o nervo facial secundariamente.
CONGÊNITA
Paralisia facial neonatal resultante de uma malformação congênita.
METABÓLICAS
Causadas por diabete, hipotireoidismo e durante a gravidez.
VASCULARES
São formas incomuns de paralisias faciais que ocorrem na periaterite nodosa na granulomatose de Wegener e na Síndrome de Heerfordt ou Sarcoidose de Boeck. Patologicamente estas lesões mostram vasculite e granuloma necrotizante. A conduta é baseada no tratamento da síndrome.
TÓXICAS
Igualmente são formas de paralisia facial raras que se apresentam geralmente bilateral encontradas na administração de drogas que causam imunosupressão ou alterações vasculares. É mais encontrada em paciente em tratamento quimioterápico.


Referência
MINITI, A.; BENTO, RF; BUTUGAN, O. Otorrinolaringologia Clínica e Cirúrgica. Atheneu, 2001, 2.Ed.

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